- Sempre agradeço a Deus por esta oportunidade ímpar de estar dando meu testemunho...Nasci em um lar nominalmente evangélico. Éramos os chamados protestantes “não-praticantes”, como se isto realmente fosse possível. Íamos esporadicamente à igreja, principalmente nos cultos natalinos e noutras datas importantes,sempre contando os minutos para o término, pois era algo cansativo. Aquele que não possui un novo nascimento não consegue viver a vida de Deus, ter prazer em estar na Casa do Senhor.
Completei 14 anos em agosto de 2000, e a partir desta data coisas estranhas começavam a ocorrer. Comecei a emagrecer repentinamente. Cada vez que ia à balança estava mais magra, mais magra...A palidez também era algo notório. Não era uma palidez normal (até porque naturalmente não sou muito ruborizada), mas era algo doentio. Olhava-me no espelho e no fundo percebia que algo de estranho estava acontecendo.
Comecei a ter falta de ar. Fui levada ao pneumologista, e o diagnóstico de asma foi dado erroneamente. Foram passados os medicamentos e dada a orientação de que se houvesse uma piora do quadro fosse à emergência hospitalar para realizar nebulizações, que dariam alívio ao grande mal-estar. De fato, houve uma piora e segui as recomendações médicas.Ao chegar à emergência, o médico de plantão, talvez por suspeitar de algo, prescreveu um exame de sangue. O resultado foi claro: acentuada anemia e leucocitose. Em uma linguagem mais simples pode-se dizer que foi diagnosticado o quadro de leucemia. Meus pais foram avisados da inesperada descoberta e orientados a internar-me para que fosse realizado um exame chamado mielograma, que diria minuciosamente qual o tipo de leucemia. Até este momento havia uma esperança, embora pequena, de que o precoce diagnóstico estivesse equivocado. Para mim, contudo, foi dito apenas que me internaria por três dias para realizar o exame que seria de praxe, já que apresentava uma acentuada anemia e queda de plaquetas ( foi a única coisa que tinham me dito até o momento).
O exame foi realizado: Leucemia mielóide aguda, do tipo M2. A médica preferiu dizer-me primeiramente. Entrou no quarto, pediu para ficar à sos comigo e disse: “Marcela, você está com uma doença grave”. Neste momento comecei a chorar e disse: “doutora, estou com câncer?”. Ela respondeu: “Não gostaria de usar este nome, você está com leucemia...”.
Quando estamos no vale, quando achamos que o mundo acabou para nós, é que sentimos a presença do Senhor de maneira mais intensa em nossas vidas. Neste momento, minha maior preocupação foi com a reação dos meus pais, pois sabia que não seria fácil.
Passado algum tempo depois do conhecimento do diagnostico, estava meu pai à porta do hospital, quando num ato de desespero pediu a Deus uma resposta, uma explicação para o que estava acontecendo. Disse para Deus que se ele fosse o culpado, que fosse levado em meu lugar, mas que minha vida fosse poupada. Neste instante, abriu a bíblia em João 9, que relata a cura de um cego de nascença: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença.E os seus discípulos perguntaram:Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?Respondeu Jesus:Nem ele pecou, nem seus pais;mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.”
A partir deste momento, nossa realidade de escuridão e desespero começou a mudar. A certeza da minha cura era tão grande em nossos corações que não orávamos mais por mim, e sim por pessoas que passavam por semelhante situação e não tinham a Segurança que tínhamos ao nosso lado. Certa vez o bispo da minha igreja disse uma frase que é a mais pura realidade: ”Para evangelizar, fale se preciso”.Pois bem...Deus colocava em nossos rostos um sorriso e uma alegria em nosso coração que parecia loucura para todos aqueles que sabiam da nossa provação, e dávamos um testemunho de paz, apesar de não pronunciarmos a palavra de Deus.
Marco Antônio, um grande amigo da família e irmão de fé convidou meu pai para ir à sua igreja. Lá, meu pai, antes mesmo do resultado, deu o testemunho de cura, que logo mais foi comprovado por um outro mielograma...O primeiro trazendo notícias dolorosas, o segundo, grande júbilo.Porém, antes da chegada desta notícia, houve outras provações. Aquela internação que eram apenas três dias se transformou em quarenta. Durante este período, entre altas e baixas da imunidade (resultado do tratamento quimioterápico), fui acometida por uma catapora. No meu estado de fragilidade imunológica, catapora era sentença de morte, mas louvado seja Deus, que realizou mais esse milagre! Por fim, já no término dos quarentas dias, o cateter semi-implantado que coloquei para receber a quimioterapia infeccionou...Tive febre persistente, até que depois de muito tempo foi detectado o motivo, e novamente tive o livramento de uma infecção generalizada.
Foi nesse período que recebi a cura do Senhor, de uma mielóide aguda do tipo M2, sem a realização do transplante.Para que se possa ter uma idéia, estatisticamente, as chances de cura dessa doença com a realização do transplante eram menos de 12%. Como se não bastasse, as chances de escapar desse rigoroso tratamento eram cerca de 3% .
Passado este período, me tratei por mais cinco meses, até a conclusão do protocolo. Foi um período doloroso, é obvio, mas posso afirmar com toda convicção, que tenho mais lembranças boas que ruins, pois O SENHOR ESTAVA CONOSCO TODO TEMPO, e hoje tenho esse enorme privilégio de ser uma prova viva que Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre será! Obs:Tudo isso aconteceu em Salvador, pois eu e meu pai somos baianos, e na época morávamos lá. Não esquecendo de mencionar que depois que sai do hospital, Deus colocou em nossas vidas, uma clínica de oncologia chamada "ONCO" onde dra. Nubia mendonça e dra Dolores Doria, foram nossos anjos, pois Deus manda anjos pra nos ajudar, lá só existe amor e eficiencia,que Deus abençoe a todos. Hoje tenho 25 anos, sou advogada na área penal. OBRIGADA SENHOR! Marcela Vila Nova Silveira.