Sexualidade após os 60 anos Dra. Carmita Abdo é médica psiquiatra e coordenadora do grupo de sexualidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade São Paulo. reduzir / aumentar Drauzio – Há casais que convivem harmoniosamente, têm filhos e netos, mas o sexo foi diminuindo e desapareceu da relação. Como você orienta esses casais? Carmita Abdo – Alguns desses casais vivem bem, apesar de a atividade sexual estar se esvaindo. O sexo para eles foi realizado na medida das necessidades, talvez porque tenham priorizado a reprodução ao erotismo, ou porque já se tenham realizado na maternidade e na paternidade e vejam o sexo como meio para a procriação. Pouco a pouco a prática sexual foi sendo abandonada e eles não se abalam com isso. Ele não procura ninguém de fora e ela também não. O difícil é quando não existe essa compatibilidade. Às vezes, esse descompasso gera acordos implícitos para que o parceiro ainda interessado em sexo possa procurá-lo fora do casamento. E aí começam os problemas. Se a princípio o outro cônjuge aceitou a situação, deixa de fazê-lo quando percebe que o relacionamento externo tornou-se mais envolvente e pode provocar uma separação que trará dramas familiares muito sérios nessa altura da vida. Sexo e afeto depois dos 60 anos Drauzio – Com o passar dos anos, o sexo adquire outras características. O que caracteriza fundamentalmente o comportamento sexual a partir dos 60 anos de idade? CarmitaAbdo – É um sexo mais tranqüilo, próprio de quem já conviveu vários anos, tem muita intimidade e carinho pelo outro além de um conhecimento mútuo grande. É um sexo menos arrojado, porém extremamente válido e importante para a manutenção da saúde. E vice-versa: fazer sexo nessa fase da vida significa ter saúde, pois, quando a sexualidade passa a ser um assunto problemático, é sinal de alerta para que outros aspectos da saúde sejam investigados cuidadosamente. Drauzio – Você mencionou esse sexo maduro e amoroso de pessoas que têm o privilégio de compartilhar a vida sexual durante muitos anos, mas isso é privilégio de poucos. O mais comum é existir rancor entre as pessoas que viveram juntas muito tempo. Nesses casos, o sexo quase sempre desaparece do relacionamento. Como você vê esse tipo de situação? Carmita Abdo – Difícil falar de sexo de quem conviveu muito tempo sem falar de afeto. Esses dois elementos acabam se misturando e isso provoca uma complexidade maior no relacionamento. Se o casal levou uma vida cheia de rancores, mal-entendidos e conflitos, é lógico que, depois de 30, 40 ou 50 anos juntos, os dois terão pouca disposição para um contato tão íntimo quanto o sexual, porque mal toleram conviver lado a lado.Em compensação, se o casal teve uma vida de aproximação, cumplicidade e companheirismo, nessa etapa o sexo permanece como que coroando o relacionamento. Como já disse, é um sexo suave, bem menos freqüente porque a necessidade é menor do que na juventude. Um garoto de 18 anos, por exemplo, consegue manter várias relações no mesmo dia. Já um senhor de 60, 65 anos tem necessidade de um relacionamento a cada semana, ou a cada dez ou quinze dias, freqüência essa determinada também pelo interesse da esposa que costuma ser abrandado com o decorrer do tempo.
domingo, 10 de outubro de 2010
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domingo, 10 de outubro de 2010
SEXUALIDADE APÓS OS 60 ANOS
Sexualidade após os 60 anos Dra. Carmita Abdo é médica psiquiatra e coordenadora do grupo de sexualidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade São Paulo. reduzir / aumentar Drauzio – Há casais que convivem harmoniosamente, têm filhos e netos, mas o sexo foi diminuindo e desapareceu da relação. Como você orienta esses casais? Carmita Abdo – Alguns desses casais vivem bem, apesar de a atividade sexual estar se esvaindo. O sexo para eles foi realizado na medida das necessidades, talvez porque tenham priorizado a reprodução ao erotismo, ou porque já se tenham realizado na maternidade e na paternidade e vejam o sexo como meio para a procriação. Pouco a pouco a prática sexual foi sendo abandonada e eles não se abalam com isso. Ele não procura ninguém de fora e ela também não. O difícil é quando não existe essa compatibilidade. Às vezes, esse descompasso gera acordos implícitos para que o parceiro ainda interessado em sexo possa procurá-lo fora do casamento. E aí começam os problemas. Se a princípio o outro cônjuge aceitou a situação, deixa de fazê-lo quando percebe que o relacionamento externo tornou-se mais envolvente e pode provocar uma separação que trará dramas familiares muito sérios nessa altura da vida. Sexo e afeto depois dos 60 anos Drauzio – Com o passar dos anos, o sexo adquire outras características. O que caracteriza fundamentalmente o comportamento sexual a partir dos 60 anos de idade? CarmitaAbdo – É um sexo mais tranqüilo, próprio de quem já conviveu vários anos, tem muita intimidade e carinho pelo outro além de um conhecimento mútuo grande. É um sexo menos arrojado, porém extremamente válido e importante para a manutenção da saúde. E vice-versa: fazer sexo nessa fase da vida significa ter saúde, pois, quando a sexualidade passa a ser um assunto problemático, é sinal de alerta para que outros aspectos da saúde sejam investigados cuidadosamente. Drauzio – Você mencionou esse sexo maduro e amoroso de pessoas que têm o privilégio de compartilhar a vida sexual durante muitos anos, mas isso é privilégio de poucos. O mais comum é existir rancor entre as pessoas que viveram juntas muito tempo. Nesses casos, o sexo quase sempre desaparece do relacionamento. Como você vê esse tipo de situação? Carmita Abdo – Difícil falar de sexo de quem conviveu muito tempo sem falar de afeto. Esses dois elementos acabam se misturando e isso provoca uma complexidade maior no relacionamento. Se o casal levou uma vida cheia de rancores, mal-entendidos e conflitos, é lógico que, depois de 30, 40 ou 50 anos juntos, os dois terão pouca disposição para um contato tão íntimo quanto o sexual, porque mal toleram conviver lado a lado.Em compensação, se o casal teve uma vida de aproximação, cumplicidade e companheirismo, nessa etapa o sexo permanece como que coroando o relacionamento. Como já disse, é um sexo suave, bem menos freqüente porque a necessidade é menor do que na juventude. Um garoto de 18 anos, por exemplo, consegue manter várias relações no mesmo dia. Já um senhor de 60, 65 anos tem necessidade de um relacionamento a cada semana, ou a cada dez ou quinze dias, freqüência essa determinada também pelo interesse da esposa que costuma ser abrandado com o decorrer do tempo.
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